Jessup: um aprendizado para a vida

Existem aqueles eventos que marcam a trajetória acadêmica como, por exemplo, salão de iniciação científica, palestra de algum profissional de renome internacional e entre outros. O moot court, com certeza, é um tipo de projeto que influencia a vida do universitário. Um amigo meu diz que “há a vida antes e uma outra vida após o moot court”. Concordo com esta afirmativa e relato aqui um pouco da minha trajetória no mundo dos moot courts.

O único moot court que eu fui participante foi o Philip C. Jessup International Law Moot Court Competition, tradicional e mais antiga competição de direito internacional do mundo. Fui orador de 2011 a 2013, coach em 2014 e juiz na rodada brasileira em 2015. Fiquei sabendo desse evento em 2009 através de um professor. Eu e mais alguns amigos nos interessamos e, em 2010, lutamos muito para formar uma equipe. Não sabíamos direito o que era esse tal de Jessup, mas, com base em relatos de pessoas que tinham participado, tínhamos a certeza de que seria uma experiência maravilhosa. E não nos enganamos.

No Jessup, eu aprendi a importância de trabalhar em grupo, a fazer pesquisa acadêmica e a melhorar a oratória e a escrita em língua inglesa. Esses anos envolvidos com o Jessup não foram só de flores e de calmaria. Pelo contrário, tive muitas dores de cabeça. Vi colegas de time não entregando seus compromissos nos dias acordados, desistência de pessoas em momentos importantes para a equipe, falta de apoio financeiro da universidade, falta de compromisso e de palavra de certas pessoas que ficaram de ajudar o time e entre outros dilemas.

Após a exposição desses problemas, se me perguntarem “Ivonei, mesmo com todos esses problemas, tu achas que valeu a pena?”, minha resposta segue sendo afirmativa. Motivo da resposta: você aprende a conhecer as pessoas num determinado período de convivência pela discrepância entre suas atitudes e seu discurso feito. Isso é um aprendizado para a vida inteira. Você aprende a ser mais observador do ser humano, sendo mais paciente, humilde e persistente nos seus objetivos, apesar das adversidades. Você cresce como ser humano.

Lá nas rodadas eu conheci pessoas maravilhosas do mundo inteiro. Fiquei amigo de pessoas que, certamente, terão posições de destaque em organizações internacionais, em universidades e em escritórios de advocacia de renome. No Jessup, você encontra participantes com grande potencial profissional. Há histórias de pessoas que conseguiram bons empregos através do Jessup. Sem contar que alguns juízes no Jessup são profissionais de outros países com trajetórias muito interessantes.

Comparando os períodos em que eu participei do Jessup, não sei precisar qual foi o que eu aprendi mais. As visões nos papeis de orador, de coach e de juiz são distintas, e você aprende muito em cada uma dessas posições. O orador deve ter jogo de cintura para lidar com perguntas complicadas, o coach tem de gerenciar uma equipe e o juiz deve saber avaliar. Esses são apenas alguns exemplos de diferenças entre os três papeis que eu mencionei antes.

Concluo que participar de um moot court me fez crescer profissionalmente e como ser humano. Fiz grandes amizades, aprendi muito direito internacional e como trabalhar em equipe. Não pense em duas vezes em montar uma equipe para um moot court se você encontrar pessoas interessadas. Com certeza, terás grandes benefícios pessoais.