Bolsa Santander Universidades - Universidad Católica Argentina

No segundo semestre de 2012, fui contemplada com a Bolsa Santander Universidades para fazer um intercâmbio de seis meses em Buenos Aires.

Desde o começo da Faculdade de Direito, eu idealizava fazer um intercâmbio - sempre gostei de viajar e queria conviver com outras culturas, modos de ser e estudar. Porém, por bons anos, por levar duas graduações simultâneas, não me sobrava tempo, nem recursos para conseguir me lançar ao exterior. Ademais, a oferta de bolsas era baixa. Mas assim que surgiu a oportunidade da Bolsa do Santander, lutei para conseguir preencher os requisitos e conquistar meu tão sonhado intercâmbio (e valeu muito a pena!).

O processo seletivo foi realizado pelo departamento de intercâmbios da minha universidade, com base em critérios previamente exigidos pelo Santander, quais sejam: análise do histórico escolar, proficiência na língua do país destino, entrevista em grupo para expor os motivos que te levaram a querer fazer um intercâmbio, equivalência de disciplinas e, claro, conta do banco Santander.

Essa bolsa consiste em um valor fixo depositado na sua conta no início do intercâmbio. Após, dependerá do intercambista saber administrar o dinheiro para não passar por sufocos no exterior (mas já aviso que é importante levar dinheiro extra, pois alugueis, comida, transporte, etc, costumam ser caros em capitais).

Sobre a universidade estrangeira: uma semana antes das aulas começarem, a unidade de Relações Internacionais da UCA promoveu uma semana de acolhida aos estrangeiros que estudariam naquele semestre lá. Foi bastante interessante, deram-nos dicas sobre a cidade, sobre o país, conhecemos mais dos costumes argentinos, tivemos vários momentos de integração e, ao final, ajudaram-nos a fazer as matrículas nas asignaturas. Esse foi um aspecto bem positivo, pois, no começo, é aquele choque com a nova língua, a gente se sente perdido na cidade, e ter esse apoio foi crucial para entender como funciona a universidade.

A universidade possui vários campi, dentro de Buenos Aires, mas a maioria dos cursos se situa no campus Puerto Madero - é interessante, pois são prédios abertos, que formam parte da paisagem, sem a necessidade de grades delimitadoras do espaço.

Agora, em relação às disciplinas que cursei, primeiramente, aos estrangeiros não hispanohablantes se aplica um novo teste de proficiência na chegada e há uma obrigatoriedade da UCA de se cursar o espanhol, durante a estada no país. Além do curso de espanhol, resolvi me inscrever em duas disciplinas do Direito (Ambiental e Internacional Privado), bem como frequentei dois cursos que fazem parte do que eles chamam de PEL (Programa de Estudios Latinoamericanos): Princípios del derecho latino-americano e Literatura Latinoamericana.

O PEL é muito interessante - são cursos ditados em espanhol ou inglês que visam a ampliar os conhecimentos dos estrangeiros em relação à América Latina e Argentina nos campos mais variados: cinema, literatura, arte, economia, interculturalidade, etc. Dá vontade de fazer todos (o problema é ter tempo e conseguir equivalência na universidade daqui do Brasil…).

Mas, nem tudo são flores. Nas disciplinas em que cursei apenas com nativos, senti bastante indiferença por parte dos colegas, inclusive dos professores, os quais possuem um maior distanciamento em relação aos alunos. Foi duro no começo, contudo, no fim do semestre, consegui ajuda para estudar com algumas colegas da turma para enfrentar o tão temido examen final.

Sobre a avaliação, não poderia deixar de comentar como funciona nas disciplinas regulares dos cursos de graduação: em suma, existe apenas um examen parcial e um examen final, nada de trabalhos, pontos extras, várias avaliações.

O examen parcial consiste em uma prova dissertativa sobre os temas da primeira parte do semestre. Se atinges a média (que é 4, mas é dificílima de se alcançar), podes fazer o final; do contrário, há uma oportunidade de recuperação e, se nem assim chegas ao 4, adeus, tem que cursar novamente a disciplina.

Superado o parcial, vem o tão temido examen final. É curioso que não precisa ser realizado no semestre mesmo, em que você cursa a disciplina. O mais comum, entre os alunos argentinos, é fazer um ou dois finales a cada semestre, mesmo que tenham cursado cinco disciplinas. O motivo principal é porque a matéria que cai é extensa, abrange todo o semestre e a prova é oral com dois professores da Cátedra (ou seja, pode ser que nem sejam os que ministraram a disciplina).

Sim, toda a matéria do semestre, prova oral em que sortearão aleatoriamente alguns pontos para cada aluno e então você terá 5 minutos para fazer a sua capilla - anotações para não esquecer o que vai falar - e mandar bala. Depois de passar por esse teste de fogo, nunca mais reclamo das nossas provas dissertativas e/ou objetivas.

Sobre a vida em Buenos Aires: Não querendo me estender muito, em suma, Buenos Aires é uma capital cosmopolita por excelência. Tem uma vida cultural maravilhosamente efervescente que contempla os mais distintos gostos e bolsos, mas também tem estresse, greves gerais, inflação, transporte cheio e insuficiente.

Por fim, aceitei o convite para compartilhar minha experiência de intercâmbio principalmente para encorajar aos que ventilam essa ideia, seja na época da graduação, seja na pós. Foi uma experiência bastante enriquecedora, como aluna, como pessoa, a oportunidade de passar um tempo no exterior - seja para aprender a ser mais independente, seja para conhecer novos modos de viver e… para até mesmo refletir e aprender a valorizar mais o nosso país!